quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Jornalismo de encomenda

Jornalismo de encomenda

Dez de Novembro. Estou no avião de partida de Ponta Delgada quando o meu companheiro do lado me chama a atenção para a página 24 do jornal “Correio da Manhã” onde, por cima da minha fotografia se titula a letras garrafais: “Paulo Casaca recebe subsídio de 53.412 Euros”.
Trata-se de uma invenção, porque não recebi nenhum subsídio de 53.412 Euros, mas tão só o reconhecimento do direito, se e enquanto estiver sem ser colocado no Estado até a um período máximo de 14 meses, receber uma subvenção mensal equivalente à do salário do deputado, o que é substancialmente diverso.

Mas o que mais prende a minha atenção é o facto de uma lei geral, de aplicação geral, que a generalidade dos que, como eu, terminaram o seu trabalho político – e devem ter sido muitos em 2009 – pediu a aplicação, é apresentada como sendo algo que me é particular.
Na verdade, a única particularidade a que o jornal justamente alude é a de ter sido alvo de gravíssimas acusações por parte do semanário Expresso.
É significativo que o articulista me tenha escolhido para alvo entre os inúmeros casos de pedido de aplicação da referida lei e – sem explicitamente apresentar nenhuma relação causal – afirmar que eu fui acusado pelo semanário Expresso de ter ligações ao terrorismo.
À primeira vista, faz lembrar a simbologia dos gangs mafiosos que no ritual do assassínio não deixam de marcar as razões do acto, mas estou em crer que aqueles que desenvolveram a campanha difamatória contra mim estão mais preocupados em assegurar, com mais umas pazadas de lama, que eu estou politicamente morto e que não apresento qualquer risco de ressurreição.
Talvez se enganem!
Ainda não estou morto e não vou deixar de continuar o combate que me apaixona desde que pus pela primeira vez os pés no Grande Médio Oriente, o combate pela liberdade, pelo derrube do muro da intolerância, do subdesenvolvimento, da desumanidade em que a aliança do fanatismo de uns com a ganância de outros mantêm esses povos.

Bruxelas, 2009-11-11


(Paulo Casaca)

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